Quando se trata da vida prática externa, as pessoas têm justamente o seguinte ponto de vista: primeiro vem isto, depois vem aquilo. Com isso não se progride no mundo. Só se progride quando se pensa em círculo (...) É preciso pensar em círculo; é preciso pensar, quando se olha para as circunstâncias externas, que elas são feitas pelas pessoas mas também fazem as pessoas; ou, quando se olha para as ações das pessoas, que elas fazem as circunstâncias externas, mas por sua vez, também são apoiadas pelas circunstâncias externas. Rudolf Steiner
TEATRO
O teatro curricular do Ensino Médio na EWSP objetiva, essencialmente, ser um exercício de participação, tolerância e gratidão. O que é ‘participar’? ‘Fazer parte’, ‘tomar parte’, ‘ter parte’, ‘ser parte’. Entretanto, há diferenças de significado. É possível ‘fazer parte’ sem ‘tomar parte’. Também importante não é o quanto se toma parte, mas como se toma parte.
A vivência da tolerância como virtude acontece em cada ensaio: diferenças de opinião na escolha da peça; convite; cartaz; atrasos; ensaios suspensos ou prolongados; cenas não decoradas; o respeito pela construção do personagem do outro... Enfim, a tolerância conquistada como uma forma de harmonia na diferença. Gratidão é dar, dividir, capacidade de receber, de retribuir com amor. Oportunidade de fazer teatro em nossa escola e vivenciar a gratidão ativa da alegria retribuída à ação retribuída.
PROJETO SOCIAL
Salutar só é quando no espelho da alma humana se forma a comunidade inteira, e na comunidade vive a força da alma individual. Eis o princípio da ética social. Rudolf Steiner
Em estágio no Núcleo Horizonte Azul da Associação Comunitária Monte Azul, os alunos do 12ºano venciam a importância da sua existência individual para a vida e para o desenvolvimento de outras pessoas.
Como?
Conhecendo a história da instituição, sua estrutura e organização; assumindo encargos (horta, reciclagem, berçário, creche, pré-escola, cozinha, biblioteca, oficina de marcenaria, jantar para os colegas etc.); ouvindo depoimentos de moradores e voluntários e suas biografias; conversando com profissionais que atuam na Horizonte Azul; enfim, organizando sua rotina diária e experimentando a rotina diária da comunidade.
É no âmbito social que testamos nossa sensibilidade, consciência de responsabilidade, atuação adequada a situações inesperadas. Esse trabalho exige que o jovem coloque seus próprios interesses em outro plano para conseguir abrir-se para experiências sociais e se dedique ao próximo com compreensão e ajuda.
ESTÁGIO AGRÍCOLA
No estágio agrícola, os alunos do 9º ano participam das atividades do dia-a-dia de uma fazenda orgânico-biodinâmica. Durante cinco dias, participam diretamente de vários trabalhos da fazenda como a limpeza da cama do gado (esterco e palha), a preparação do plantio, cuidado com os animais, etc. Paralelamente, os agricultores dão explanações sobre o cultivo biodinâmico e o trabalho com a terra.
Além dos aprendizados concretos e do grande exercício da vontade exigido pela atividade do campo, o estágio agrícola eleva a alma dos jovens a uma percepção muito profunda e sutil daquilo que constitui o fundamento de qualquer sociedade civilizada: a agricultura. É uma vivência em que se absorvem valores essenciais para a compreensão social e ecológica do mundo.
AGRIMENSURA
A Agrimensura é um trabalho de campo de cinco dias que envolve diversas matérias. Em grupos, os alunos devem mapear um terreno delimitado por um polígono: medir com muita exatidão seus lados (distâncias) e seus ângulos. Para isso, utilizam, principalmente, a trena e o teodolito, além de técnicas de topografia e trigonometria.
Precisam, então, fazer os cálculos necessários para poder representar esse polígono em escala, ou seja, fazer uma planta do terreno. É um trabalho que coloca em prática conceitos teóricos de geometria e de matemática, proporciona uma profunda percepção do espaço e das relações objetivas que o regem (cartografia), além de exigir grande prontidão e força de vontade. Erros ou imprecisões nas medições ou no traçado do desenho levam à impossibilidade de se fechar o polígono. É um exercício de paciência e de precisão.
Além do trabalho de agrimensura, praticam atletismo à tarde e fazem observações do céu à noite. Dessa forma, vivenciam medidas muito próximas (no corpo) e muito distantes (na astronomia).
BIOGRAFIA
O medo e a solidão decorrentes da percepção de que se é um EU, um indivíduo, geram a necessidade de se trazer aos jovens histórias e biografias de seres portadores de verdadeiras individualidades, de um EU luminoso, poderoso, de pessoas que fizeram grandes obras neste mundo, que orientaram o caminho humano com sabedoria, que imprimiram luz ao destino da Terra.
Por meio dessas personalidades, o jovem pode fortalecer sua alma, resgatar a confiança no ser humano, reconhecer a dignidade do espírito. Ele pode ver, em ações reais, os valores do perdão, da compaixão, da coragem, da verdade, da liberdade e do amor. Com isso, existe o RECONHECIMENTO dos grandes valores religiosos, não por meio de regras e de formas puramente intelectuais, mas pelo exemplo vivo da vida de seres humanos. Nessa fase, o jovem começa a viver a busca do conhecimento de seu próprio Eu, da sua individualidade pessoal.
Aqui ele passa a ouvir e ler biografias de seres humanos que, como ele, sofrem e amam, criam e destroem, dependem dos outros para realizar-se, arcam com as consequências de seus atos, sempre à procura de desenvolver a si mesmo. Com essa vivência, o jovem pressente a grandiosidade de todo destino humano e passa a admirar e a respeitar o seu semelhante.
PARSIFAL
“Ao conhecer o mundo, o ser humano encontra a si próprio e, conhecendo a si próprio, o mundo se revela a ele”.
Essa é uma das metas pedagógicas do “ser humano” que Rudolf Steiner definiu. No 3º ano do EM, um dos objetivos pedagógicos é permitir ao jovem confrontar-se com a questão do destino, incentivar questionamentos e reflexões relativas à humanidade, levá-lo a aprender e a observar que ser humano e natureza, ser humano e sociedade permeiam-se mutuamente.
A vivência de Parsifal vem ao encontro desta necessidade, desta possibilidade nascente que se apresenta aos nossos jovens: buscar identidade em um processo de autoconhecimento, enfrentando e desvendando os mistérios da vida, do ser humano integral, metaforicamente a partir da história de Parsifal e a busca do Santo Graal.
Os alunos da 3º série do EM fazem uma vivência de Parsifal em local retirado da cidade para propiciar um maior mergulho na própria interioridade sem estímulos externos. A vivência é conduzida de forma interdisciplinar pelos professores de Artes, Educação Física, Filosofia e Literatura além do tutor da turma.
No Concerto do Advento, a EWSP partilha com toda a comunidade os frutos de um trabalho musical cultivado pelos alunos do Ensino Médio e pelos professores ao longo do ano. A montagem de um variado repertório é a consequência natural desse trabalho em que todos têm a oportunidade de exercitar e de aprimorar suas habilidades musicais por meio do canto.
A apresentação desse repertório no Concerto do Advento celebra a beleza do período que antecede o Natal e representa o ponto culminante das atividades do Coral de Alunos do Ensino Médio, do Grupo Musical e do Coral dos Professores da EWSP.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO DO ENSINO MÉDIO
O Trabalho de Conclusão de Curso tem por objetivo estruturar todas as qualidades e habilidades adquiridas pelos alunos ao longo da sua vida escolar. As esferas intelectual, afetiva e volitiva tornam-se agora passiveis de serem plenamente realizadas por meio de um Trabalho de absoluto cunho individual.
Durante o transcorrer do 12º ano do ENSINO MÉDIO, cada aluno, com a orientação de um professor, desenvolve uma monografia que é apresentada à comunidade no final do ano letivo. A execução desse trabalho envolve quatro momentos distintos: a escolha do tema; leitura e pesquisa; elaboração da redação e apresentação gráfica; apresentação pública do trabalho já concluído.